História do Paraquedismo

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Considerações

 

O Paraquedismo é um esporte aéreo e sua historia evoluiu paralelamente ao da aviação.

Acho interessante expor algumas informações que descobri nas minhas pesquisas, que embora não sejam propriamente sobre o paraquedismo, são sobre a evolução da aviação, da tentativa de voar.

Vale lembrar que à época, as historias e fatos foram escritos em línguas antigas e que existem várias traduções e interpretações ao longo do tempo. Em alguns casos, com mais de uma versão. As datas também apresentam algumas divergências.

Transcrevo então, o que entendi ser verdadeiro e plausível.

Iniciamos pela Mitologia Grega com Ícaro, Dédalo seu pai e o Rei Minos. Dedico um capitulo em especial às pipas, o primeiro instrumento que o ser humano criou a voar. As primeiras tentativas, os primeiros conceitos e finalmente experimentando o vôo.

As pesquisas foram feitas pela Internet e alimentadas por amigos pilotos de aviões, de balões, e paraquedistas mais antigos. Em sites franceses, ingleses, espanhóis, americanos e árabes, achei informações valiosas, muito interessantes para não dizer curiosas...

Dedico este trabalho, minha admiração e respeito, a todos os homens que sonharam, inovaram e destemidos que foram, com seus esforços, conseguiram ou não, alçar vôo.

 

Corajosos guerreiros do vento, com alma de pássaros.

 


 

Ícaro

Ícaro e Dédalo são personagens da mitologia grega. Para entender a história de Ícaro, é interessante conhecer a história de Minos.

Ícaro era filho de Dédalo e de uma escrava do Rei Minos chamada Naucrata ou Náucrate. Descendia do próprio Zeus, sendo que Dédalo era filho de Alcipe, que era filha de Ares, que por sua vez era filho de Zeus e Hera.

Dédalo era discípulo de Hermes e renomado inventor que realizava seus trabalhos em Atenas.

Antes de Minos tornar-se rei, ele pediu ao deus grego Posseidon que lhe enviasse um sinal, assegurando-lhe que ele, e não o seu irmão assumiria o trono. Posseidon concordou e enviou um touro branco na condição de que Minos sacrificasse o touro mandando-o de volta aos deuses. De fato, um touro branco de incomensurável beleza saiu inexplicavelmente do mar. Minos após vê-lo, achou-o tão belo que sacrificou outro ao invés do touro branco, esperando que Posseidon não notasse. Posseidon ficou furioso quando percebeu o que havia acontecido. Como represália, fez com que a esposa de Minos, Pasífae, se apaixonasse loucamente pelo touro branco.

Pasífae foi até Dédalo em busca de ajuda, ele inventou uma maneira para que ela satisfizesse sua paixão. Construiu uma vaca oca de madeira e cobriu Pasífae com pele de vaca para que o touro branco pudesse montar nela. O resultado dessa união foi o Minotauro. Em algumas considerações, o touro branco tornou-se o Touro de Creta, capturado por Hercules em um de seus doze trabalhos.

O Minotauro tinha corpo de homem com a cabeça e cauda de touro. Era uma criatura selvagem e Minos após receber um conselho do Oráculo de Delfos, mandou Dédalo construir um labirinto gigante para conter o Minotauro. O Labirinto foi construído no palácio de Minos em Cnossos.

Androceu, filho de Minos, foi morto pelos atenienses que invejaram suas vitórias no festival Panatinaico. Para vingar a morte de seu filho, Minos declarou guerra contra Atenas e venceu. Então ordenou que sete jovens e sete damas virgens atenienses fossem enviados anualmente para serem devorados pelo Minotauro.

 

No terceiro ano de sacrifício, Teseu se voluntariou para matar o monstro. Ariadne, filha de Minos, apaixonou-se por Teseu e o ajudou entregando-lhe uma espada mágica e um novelo de linha de costura para que ele pudesse sair do labirinto. Teseu matou o Minotauro e liderou os atenienses para fora do labirinto. Minos, irado por Teseu ter conseguido escapar, aprisionou Dédalo e Ícaro no labirinto.

 

Dédalo sabia que a prisão que ele tinha construído era intransponível, que o Rei Minos controlava tanto o mar como a terra, sendo impossível escapar por estes meios. Teria dito Dédalo: “Minos controla a terra e o mar, mas não as regiões do ar. Tentarei por este meio”.

Dédalo construiu asas, juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com uma grossa camada de cera, de mel de abelha. Moldou as asas com as mãos e com a ajuda de Ícaro, de maneira que se tornassem perfeitas como as das aves. Com as asas prontas, agitando-as, Dédalo se viu suspenso no ar. Equipou seu filho Ícaro e o ensinou a voar. Quando foram partir, Dédalo advertiu Ícaro que deveriam voar a uma altura média, não tão próxima do Sol, para que o calor não derretesse a cera que fixava as penas, nem tão baixo que o mar pudesse molhá-las.

Dédalo alçou vôo e foi seguido por Ícaro. Passaram por Samos, Delos e Lebinto. Sentiam-se como Deuses, pois dominavam o ar.

Ícaro deslumbrou-se com a bela imagem do Sol e, sentindo-se atraído, voou em sua direção, esquecendo as orientações que seu pai dera, talvez inebriado pela sensação de liberdade e poder. A cera de suas asas começou a derreter provocando sua queda mortal sobre o que hoje é o mar Hegeu, enquanto seu pai, aos prantos, voava para a costa.

Lamentando suas habilidades, enterrou o corpo de Ícaro em uma ilha e deu-lhe o nome de Icaria em memória a seu filho. Chegou com segurança a Sicília e foi acolhido na casa do Rei Cocálo.

Dédalo constrói um templo para Apolo, deixando suas asas como oferenda.

 


A Pipa

 

A Pipa é o primeiro e mais antigo instrumento que manifesta a vontade do homem em voar. Até o fim do século XIX e início do século XX, o homem só tinha duas referencias: as aves e a pipa.

Um dos quatro elementos fundamentais da civilização ocidental, o vento é a força motriz das pipas. O homem inteligentemente chega perto do sonho de voar dominando o vento.

O grande mestre e pesquisador de pipas e ação dos ventos é um “eloísta”, palavra criada a partir de Éolo, o Deus dos ventos na mitologia grega.

Na mitologia grega, Ulisses (personagem do livro Odisséia, de Homero) chegou à ilha de Eólia, foi muito bem recebido pelo rei local Éolo, que o hospedou mais seus companheiros por um mês. Ao partir, recebeu de presente uma caixa contendo todos os ventos que deveriam continuar aprisionados com exceção de um, que solto, levaria o navio diretamente de volta a Ítaca, sua cidade natal. Os companheiros de Ulisses abriram a caixa imprudentemente, pensando que continha vinho, e libertaram os ventos proibidos e furiosos que tocaram o navio para trás. Éolo entendendo que aquela gente teria alguma maldição oculta dos deuses, não os ajudou e os expulsou de Eólia.

Uma pipa (português brasileiro) ou papagaio (português Portugal), barrilete, também conhecido no Brasil como cafifa, quadrado, pandorga (Rio Grande do Sul), arraia, pepeta, curica, cângula, jamanta, casqueta, chambeta (Norte), morcego, lebreque, bebeu, coruja, tapioca, barril e bolacha (Nordeste), é um brinquedo que voa baseado na oposição entre a força do vento e a da linha segurada pelo operador. Quando o vento se choca com a pipa, presa pela linha, é defletido para baixo impulsionando-a para cima. Em pipas com formato de asa (ram air), quando o vento passa pela asa, a diferença de pressão existente entre a parte de cima e a parte de baixo devido a parte de cima ser abaulada ou bojuda, faz com que exista uma pressão menor na parte de cima da asa, criando uma força ascensional (sustentação) como postulado por Daniel Bernoulli (1700).

É composta de uma estrutura armada com varetas de bambu, que suporta um plano de papel, tendo a função de asa, sustentando o brinquedo. Conforme o modelo pode ter uma rabiola que é um adereço preso na parte inferior com o objetivo de proporcionar estabilidade, feita com tiras de papel presos a uma linha. Hoje em dia são utilizados os mais variados tipos de materiais sintéticos como: plástico, nylon, dacron, poliéster, fibra de vidro, fibra de carbono, plástico, isopor, etc.

O nome pipa (papagaio de papel) vem de sua semelhança com a pipa (vasilhame de madeira) que era utilizada para guardado o vinho.

1200 AC - China. O primeiro instrumento criado pelo homem, como tentativa de voar, vem da Antiga China, nossa conhecida Pipa. A data exata e a origem da pipa são desconhecidas, porem os materiais ideais estavam disponíveis na época como: o bambu, tecido e linhas de seda. Uma lenda sugere que um agricultor chinês, amarrou seu chapéu com uma linha para evitar que o vento o levasse, e daí veio a idéia para a primeira Pipa.

200 (206) AC - Han Hsin. Os primeiros escritos relatam que o chinês Han Hsin, da Dinastia Han, fez uma pipa voar ao longo da muralha de uma cidade que iria atacar, com o intuito de medir a distancia para ultrapassar os muros da cidade com um túnel. Conhecendo a distancia, cavaram o túnel atingindo o interior da cidade, surpreendendo seus inimigos sendo vitoriosos na invasão.

549 DC - Mozi e Lu Ban. Filosofo chinês, é considerado o inventor da pipa. Já construída com papel, nela foi escrita uma mensagem para uma missão de salvamento.

A Pipa acabou sendo disseminada por comerciantes chineses para a Coréia, Índia e toda a Ásia. Cada área desenvolveu um tipo distinto de pipa conforme sua cultura.

No Egito hieróglifos antigos já contavam historias de objetos que voavam controlados por fios. Os fenícios também conheciam seus segredos, assim como os africanos e polinésios.

600 DC - Gim Yu - Coréia. Durante a Dinastia Silla na Coréia, por volta de 600 dC, o militar Gim Yu foi destacado para dominar uma revolta. No entanto suas tropas se recusaram a lutar. Eles tinham visto uma grande estrela cadente cair do céu e acreditavam ser um mau presságio. Gim Yu utilizou uma grande Pipa, para elevar uma bola incandescente. Os soldados vendo o retorno da estrela desafiaram e derrotaram os rebeldes.

700 DC - Japão. As Pipas foram levadas para o Japão através dos monges Budistas. Elas eram usadas para afastar os maus espíritos e assegurar boas colheitas. Empinar Pipas tornou-se muito popular durante o período Edo e pela primeira vez, as pessoas abaixo da classe dos Samurais foram autorizadas a empinar Pipas. O governo de Edo (hoje Tokyo) tentou desencorajar este passatempo, pois “muitas pessoas se tornaram demasiado desatentas com seus trabalhos”.

No castelo de Nagoya, um ladrão utilizou uma pipa para saltar do telhado onde existia uma estatua dourada porem só conseguiu retirar alguns pedaços. O ladrão acabou sendo preso e punido quando se vangloriava de sua façanha.

1250 – Roger Bacon, Roger Bacon (séc. XIII) desenvolveu uma teoria sobre balões cheios de ar etéreo (aetherial air).

1275 - Marco Pólo (1254 – 1324). Navegador e explorador trouxe a pipa para a Europa. Conta-se que nas suas andanças pela China, ao ver-se encurralado pelos inimigos locais, fez voar uma pipa carregada de fogos de artifício presos de cabeça para baixo, que explodiram no ar em direção a terra, realizando o primeiro bombardeiro aéreo da história.

1500 - Índia. O primeiro indicio de vôos com pipas na Índia vem de uma pintura do período Mogul, o tema do quadro era a historia de um jovem com habilidade em empinar pipas que enviava mensagens a sua amada que estava em retiro, isolada dele e do mundo.

Nos países orientais, ainda hoje, é grande a utilização das pipas com motivos religiosos e místicos como atrativo da felicidade, sorte, nascimento, fertilidade e vitória. Exemplo disto são as pipas em forma ou com pinturas de dragão (prosperidade), tartaruga (longa vida), coruja (sabedoria) e assim por diante. Outros símbolos afastam os maus espíritos, trazem esperança, ajudam na pesca e colheita abundante. As pinturas e formas de grandes carpas coloridas representam e atraem o desenvolvimento dos filhos.

1749 - Alexander Wilson, escocês, utilizando uma pipa comboio ou trem (várias pipas em uma única linha presas uma acima da outra), fixou vários termômetros às pipas para medir a temperatura atmosférica em varias alturas.

1752 - Benjamin Franklin, publicou uma proposta de experimento para provar que o relâmpago continha eletricidade, empinando uma pipa durante uma tempestade. Franklin sabiamente não realizou o experimento. Em 10 de maio de 1752, Thomas François Dalibard  conduziu o experimento usando uma chapa de ferro de 40 pés (12m) de altura extraindo faíscas elétricas de uma nuvem. Assim foi criado o pára-raios.

1822 – George Pocock, construiu um par de asas para puxar seu carro. Conseguiu atingir até 20 km/h, algumas de suas viagens chegaram a mais de 100 kilometros.

1883 - Douglas Archibald, inglês, prendeu um anemômetro (instrumento que mede a velocidade do vento) a uma pipa e mediu a velocidade do vento a 360m de altura.

1894 – B.F.S. Baden Pawell, irmão mais novo de Baden Pawell, o fundador do escotismo, elevou-se três metros do chão por um trem de quatro pipas hexagonais com onze metros de envergadura cada, tornando-se o primeiro homem ocidental a ser erguido do chão com auxílio de pipas.

1901 - Guglielmo Marconi, utilizou a pipa para erguer uma antena para realizar a primeira transmissão de rádio.

1906 - Alberto Santos Dumont, fez o primeiro vôo, usando um conjunto de pipas-caixas, impulsionadas por suas próprias forças, o 14-bis.

Durnate a I Guerra Mundial, os britanicos, franceses, italianos, russos e todos os exercitos inimigos utilizavam pipas para observação e sinalização. Tornaram-se obsoletas com a rápida introdução das aeronaves.

Na II Guerra Mundial, a marinha dos Estados Unidos encontrou várias utilizações para as pipas. Várias pipas evitavam que avioes voassem a baixa altura próximo da localização dos aliados. Pipas auxiliavam pilotos perdidos a se localizarem. Submarinos utilizaram as pipas para elevar antenas de radio. Pipas tambem foram utilizadas para tiro ao alvo para aeronaves.

No Brasil, as pipas chegaram com os colonizadores portugueses por volta de 1596.

No Quilombo dos Palmares, sentinelas avançados anunciavam o perigo por meio de pipas. Prova que a pipa era conhecida na África há muito mais tempo, pois os africanos já a cultuavam como oferenda aos deuses, personificada na figura de Iansã.

Atualmente a pipa é muito utilizada como esporte e lazer. A competição mais conhecida é a “guerra de pipas, onde os participantes têm o objetivo de laçar e cortar a linha do oponente. Originalmente usava-se uma lamina presa a linha que depois foi substituído pelo "cerol" (vidro moído com cola), que no Brasil seu uso é proibido por lei, pois podem causar ferimentos sérios com os próprios participantes, transeuntes ou com motociclistas que tem seus pescoços cortados ao serem atingidos pela linha.

Outros riscos oferecidos pela pipa são os fios eletricos que podem entrar em curto cirquito e até eletrocutar a pessoa que está empinando a pipa em dias umidos ou chuvosos.

Muitos acidentes acontecem nos grandes centros por crianças que empinam pipa na lage de suas casas ocasionando quedas, algumas vezes fatais.

 

 

 


 

400 ac - Arquitas de Tarento

Arquitas de Tarento (428ac – 365ac): Foi matemático, astrônomo, filósofo, cientista, músico e político grego de Tarento, cidade colonial grega no sul da Itália, nas costas do Mediterrâneo. É considerado o mais ilustre dos matemáticos pitagóricos, foi discípulo de Filolau de Crotona e amigo de Platão, que conheceu na Sicília. Legitimo representante da escola pitagórica e de caráter platônico, foi um dos responsáveis por mudanças fundamentais na matemática do século V ac. É considerado o fundador da mecânica. Para resolver o problema da duplicação do cubo (dobrar seu volume), utilizou um modelo tridimensional. Foi um dos primeiros, depois de Pitágoras que trabalhou no conhecimento conjunto da aritmética, geometria, astronomia e musica. Tinha um grande interesse em aplicar a matemática para resolver problemas concretos do dia-a-dia.

É atribuído a Arquitas a invenção do parafuso e da roldana. Na musica, introduziu o estudo da media harmônica. Suas idéias contribuíram para que a matemática se tornasse matéria básica na educação atual.

 

Na política, foi governador de Tarento eleito por sete vezes, com poderes autocráticos, era justo e moderado, pois considerava a razão como uma força de trabalho pelo aperfeiçoamento da sociedade. Era bondoso e amava as crianças criando um chocalho e um brinquedo que chamava de “pombo”, uma ave de madeira que era impulsionada por ar comprimido ou vapor que corria por uma linha ou uma barra articulada para divertir as crianças utilizando pela primeira vez o principia da impulsão a jato.

Faleceu em um naufrágio no mar Adriatico.

 


 

852 dc – Armen Firman

 

Após a queda do Império Romano que ocorreu no século V, onde hoje é a Espanha e Portugal, conhecida como Península Ibérica, no século IX esteve sob o domínio Árabe. Formou-se ali o Califado Andaluz de Córdoba. Foi uma época de grande desenvolvimento nas Artes e Ciências Islâmicas. Córdoba e Bagdá eram os grandes centros culturais do mundo.

852 dc - Armen Firman: Árabe da região de Andaluzia, em uma tentativa de fuga (???), saltou de uma torre da mesquita em Córdoba, Espanha, no ano de 852 dc. Utilizou um manto volumoso, com alguma estrutura de madeira. Pretendendo utilizar o manto como asas para poder planar, não obteve êxito, mas a peça de vestuário foi suficiente para desacelerar sua queda, sofrendo apenas pequenos ferimentos, sendo o mais antigo exemplo de um paraquedas. Consta que Abbas Ibn Firnas estava ali para vê-lo.

Em muitos textos, Armen Firman é indicado como a latinização do nome de Abbas Ibn Firnas, acreditando ser uma única pessoa. Em outros textos, principalmente os espanhóis, o vôo de Armen Firman ocorre 20 anos antes de Abbas Ibn Firnas, o local e as características dos instrumentos diferem, sugerindo que Abbas Ibn Firnas se inspirou no vôo de Armen Firman. Em 2009 um editor/contribuinte do Wikipidia declarou que os registros históricos de Armen Firman são muito escassos e não existem informações de fontes primárias. O contribuinte afirma que existe a possibilidade dos nomes, datas e locais possam ter sido confundidos nos escritos e informações secundarias.

 


 

875 - Abbas Ibn Firnas

 

875 - Abbas Ibn Firnas, (810 – 887/888). Também conhecido como Ibn Abbas Qasim Firnas, العباس بن فرناس (língua árabe), nasceu em Izn-Rand Onda, al-Andalus (hoje, Ronda, Espanha). Foi um sábio, aviador, químico, engenheiro inventor, músico, médico, físico, poeta e astrônomo. É considerado o primeiro homem na história a fazer uma tentativa científica de voar.

Entre seus trabalhos, criou um relógio a água chamado Al-Maqata, elaborou um meio de produzir vidro incolor iniciando o fabrico de lentes corretivas (“pedras de leitura”), construiu um planetário, equipamento com uma cadeia de anéis que eram usados para mostrar os movimentos dos planetas e estrelas, construiu um metrônomo (instrumento para medir o tempo e indicar um ritmo) e desenvolveu um método de cortar e polir o quartzo, evitando que a Espanha tivesse que mandar suas pedras para o Egito para realizar este serviço.

Em 875 com 65 anos de idade, fez sua primeira tentativa de vôo controlado utilizando um rudimentar planador, com penas de aves sobre uma estrutura de madeira, lançando-se a partir do Monte da Noiva (Jabal al-‘Arus), Rusafa, perto de Córdoba, Espanha. Em outra versão saltou da torre de uma mesquita.

O vôo foi um sucesso, mas ao pousar, acabou ferindo suas costas. Os críticos justificaram que não tinha se dado conta que (comparado com as aves) o aparelho não possuía uma cauda que seria usada para o pouso.

Morreu doze anos mais tarde, com 77 anos de idade.

Em Córdoba, Espanha, foi construida uma ponte com seu nome.

Os líbios têm um selo em sua homenagem e os iraquianos construíram uma estatua em sua memória a caminho do Aeroporto internacional de Bagdá, e deram seu nome a outro aeroporto ao norte de Bagdá.

 

Também existe uma cratera na Lua com o nome de Ibn Firnas em sua homenagem. A cratera tem 89 km de diametro e suas coordenadas são: 6.8 N, 122.3 E.

 

 


 

1010 - Eilmer de Malmesbury

 

Eilmer de Malmesbury (985 – 1066): Também conhecido como Oliver ou Elmer, foi um monge beneditino inglês de Malmesbury Abbey, estudou matemática e astrologia.

Após construir algumas asas, modeladas a partir das descrições que Ovídio fornece sobre Dédalo, e com elas fixadas as mãos, ele salta da torre da Abadia de Malmesbury (hoje com 200 metros) contra o vento. Consegue voar uma distancia de 128 metros em aproximadamente 15 segundos, mas seja pela ação violenta do vento ou do nervosismo causado pelo empreendimento audacioso, caiu quebrando ambas as pernas.

Destemido, Eimer acreditando que poderia fazer uma aterrissagem controlada, equipa seu planador com uma cauda, mas o Abade de Malmesbury proibiu-o de arriscar a vida em qualquer novos experimentos.

A partir daí, arrastou uma miserável e lânguida vida, atribuindo sua infelicidade de ter falhado em anexar uma cauda em seu aparelho.

 


 

1495 - Leonardo Da Vinci

 

Leonardo di Ser Piero Da Vinci (15/04/1452 – 02/05/1519 – 67 anos). Foi pintor, matemático, escultor, arquiteto, físico, escritor, engenheiro, poeta, cientista, botânico e músico do Renascimento Italiano.

 

É considerado um dos maiores gênios da humanidade, devido à multiplicidade de talentos para ciências e artes, sua engenhosidade e criatividade, embora não tivesse nenhuma formação na maioria destas áreas, como na engenharia e arquitetura. É o pintor do quadro mais conhecido do mundo a Monalisa, e do mais reproduzido na história da arte, A Última Ceia.

Não tinha propriamente um sobrenome, sendo "di ser Piero" uma relação ao seu pai, "Messer Piero" (algo como Sr. Pedro), e "da Vinci", uma relação ao lugar de origem de sua família, significando "vindo de Vinci". Nascido numa pequena localidade de Anchiano, próximo do municipio toscano de Vinci, Leonardo era filho ilegítimo de Piero da Vince, um jovem notório tabelião e de Caterina. Sua mãe era provavelmente uma camponesa, embora seja sugerido, com poucas evidências, que ela era uma escrava judia oriunda do Oriente Médio comprada por Piero. O próprio Leonardo da Vinci assinava seus trabalhos simplesmente como Leonardo ou Io Leonardo. A maioria das autoridades refere-se aos seus trabalhos como Leonardos e não da Vincis. Presume-se que ele não usou o nome do pai por causa do estado ilegítimo.

 

Em grande parte de sua vida, Leonardo foi fascinado pelo fenômeno do vôo, produzindo muitos estudos detalhados sobre o vôo dos pássaros, desenhos e projetos de máquinas voadoras como o helicóptero, o Ornitóporo, um planador semelhante a asa de uma ave movido pela força humana. Quando percebeu que o homem não teria forças para movimentar as asas como um pássaro, desenhou um planador com o funcionamento parecido a uma asa delta.

Leonardo escreveu: "Se um homem dispuser de uma peça de pano impermeabilizado, tendo seus poros bem tapados com massa de amido e que tenha dez braças (doze metros) dos lados e de altura, pode atirar-se de qualquer altura, sem danos para si". Não existem provas que tenha sido construído ou utilizado na época.

Na comemoração do segundo centenário do salto de Garneran, o britânico Adrian Nichols saltou com um paraquedas de forma piramidal, construído conforme os desenhos e estudos de Leonardo Da Vinci com materiais existentes na época. Decolou ancorado a um balão em Mpumalanga, Africa do Sul. A 10.000 pés soltou-se do balão e o experimento funcionou perfeitamente. Adrian, porém, não pousou com o Paraquedas de Leonardo, alegando ser muito pesado (85 kg) e que poderia feri-lo caindo em cima dele após o pouso. A cerca de 3000 pés desconectou-se do experimento abrindo o seu paraquedas.

Em 26 de abril de 2008, o suíço Olivier Vietti-Teppa saltou com um paraquedas feito a partir do desenho de Leonardo, com materiais modernos possuindo 12 kg. Pousou perfeitamente no aeroporto militar de Payerne, na Suíça.

Também aprimorou o projeto do anemômetro, de seu contemporâneo Leon Batista (1450).

Outro projeto de destaque de sua autoria foi a bicicleta.

Leonardo faleceu em 1519 com 67 anos no castelo de Clos Lucé em Amboise, França.

 


 

1617 - Fausto Veranzio

 

 

 

Vrancic Faust (1551 – 1617) Também conhecido como Fausto Veranzio (a partir de fontes da República de Veneza), Verancsics Faustus (a partir de fontes do Reino da Hungria), Faust Verantius ou ainda Antun Vrancic. Foi um croata humanista, filósofo, historiador, diplomata, lingüista, lexicógrafo (técnico de redação e feitura de dicionários) e inventor. Falava fluentemente sete linguas.

Veranzio estudou o desenho rústico do paraquedas de Leonardo da Vinci e baseando-se nele, desenhou seu próprio paraquedas apelidado de “Homo Volans” (homem voador) publicado no livro Machinae Novae em 1595 com mais 49 desenhos retratando 56 diferentes máquinas, equipamentos, técnicas e conceitos. Podemos destacar também: turbina eólica, pontes suspensas e um teleférico.

Outra obra de destaque foi seu dicionário intitulado Dictionarium Europae Nobilissimarum Quinque, publicado em Veneza em 1595, contendo 5000 vocábulos para cada língua: latim, italiano, alemão, o dialeto Chakavian do croata e húngaro.

Vinte dois anos depois em 1617, tendo implementado e testado novas concepções, já com 65 anos, salta da torre do sino da Basílica de São Marcos (98,6 metros ou 323 pés), localizada na Piazza San Marcos, em Veneza. O evento foi documentado 30 anos após ter ocorrido por John Wilkins, secretário da Royel Society de Londres.

 


1630 - Hezârfen Ahmet Celebi

Hezârfen Ahmet Celebi - (1603 – 1660): Era um otomano do século 17 que viveu em Istambul, Turquia. Narra o historiador e viajante Evliya Çelebi (apesar de, em uma obra com dez volumes (Seyahatname), Evliyâ Çelebi narra em somente três longas frases a experiência de Ahmed Celebi) que em cerca de 1630 – 1632 ou ainda em 1638, após oito ou nove tentativas, Ahmed foi o primeiro  aviador a voar usando asas artificiais, saltou da Torre de Gálata, voando sobre o Estreito de Bósforo, pousando na encosta Doğancılar Üsküdar, do outro lado do estreito.

O Sultão Murad Khan (Murad IV) que observou o vôo a partir de seu castelo concedeu-lhe um saco de moedas de ouro, e disse: “Este homem é assustador. Ele é capaz de fazer o que deseja. Não é direito manter esta pessoa entre nós”, e assim ele o enviou para a Argélia no exílio. Ahmet lá morreu.

A torre de Galata está a 35 metros (115 pés) do nível do mar. De sua base até a cúpula são 62,59 metros (205,35 pés), totalizando 97,59 metros (320,18 pés) do nível do mar. A praça Doğancılar está a 12 metros (39 pés) do nível do mar. A diferença entre o local de lançamento e de pouso é de 85,59 metros (281 pés). A distancia da torre até a praça é de aproximadamente 3358 metros (2 milhas). Se não considerarmos nenhuma perda de altura no lançamento e vento calmo, Ahmet conseguiu uma razão de vôo de 39,49 : 1. Hoje uma Asa Delta de boa performance consegue ter uma razão de 27:1.

O Título Hezârfen, foi dado por Evliyâ Çelebi a Ahmed, que significa: “um milhar de ciências”, sábio.

Na Turquia a historia tem grande crédito, sendo que um dos três aeroportos de Istambul traz o nome “Heazarfen Airfild”, e um filme: Kanatlarımın Altında Istambul (Istambul Under My Wings, 1996) refere-se à vida de Hezârfen Ahmet Celebi e seu irmão Lagari Hasan Çelebi e da sociedade otomana do século 17, como testemunhado e narrado por Evliyâ Çelebi. Selos em sua homenagem foram colocados em circulação assim como uma moeda comemorativa do 1º World Air Games na Turquia em 1997.

 

 


1687 - Isaac Newton

Sir Isaac Newton (04/01/1643 - 31/03/1727): Foi um cientista inglês, mais conhecido como matemático e físico, era também alquimista, filósofo natural, astrônomo e teólogo. Em 1687 publicou sua obra “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica” (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural) que é considerada a mais influente na história da ciencia. A obra descreve a “Lei da Gravitação Universal” e as “três leis de Newton” que fundamentam a mecânica clássica. Para Newton a função da ciência era descubrir leis universais e enunciá-las de forma precisa e racional.

Nasceu em Woolsthorpe, Inglaterra, após tres meses do falecimento de seu pai. Sua mãe passou a administrar a propriedade rural da familia e casou-se novamente. Newton foi criado pelos avós tendo uma infancia triste e solitária. Com uma personalidade sóbria, fechada, era introspectivo, com temperamento difícil e muito solitário. Nunca demosntrou interesse ou habilidade pelos negócios da família.

Em 1665, com 20 anos, formou-se no Trinity College de Cambridge. Foi um dos principais percursores do Iluminismo, tendo seus trabalhos científicos influenciados por Barrow, Schooten, Viète, John Wallis, Descartes, Fermat, Cavalieri, Galileu Galilei e Kepler.

Newton inicia seus estudos ópticos entre 1668 e 1672, observou que a luz solar  quando inscide sobre a face de um prisma triangular transparente (pelo meio de refração ou difração), e atravessando o prisma, a luz for projetada em um plano branco será decomposta em uma banda de cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta, fenômeno conhecido como Disperção Luminosa.

Constroi um telescópio refletor em 1668 (conhecido como telescópio newtoniano),  utilizando um espelho curvo, evitando assim a “aberração cromática” como é conhecida a disperção da luz em diferentes cores ao atravessar uma lente, como no telescópio de Galileu Galilei, construido em 1609 com uma lente convexa e uma lente côncava.

Torna-se professor de matemática em Cambridge em 1669.

Em 1672 entra para Royal Socity.

Publica em 1687 sua maior obra, a “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica” (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural), em tres volumes onde enuncia a Lei de Gravitação Universal.

A história da maçã é um mito que serve para ilustrar o questionamento de Newton: “Porque em vez de flutuar, a maça cai?”. A questão não era se a gravidade existia e sim se ela se extenderia tão longe da Terra que prenderia a Lua à sua órbita. Newton mostrou que: se a força diminuisse com o quadrado inverso da distância, poderia calcular o período orbital da Lua. Ele presumiu que a mesma força seria responsável pelo movimento orbital de outros corpos, criando o conceito de “Gravitação Universal”.

 

As Leis de Newton são as leis que descrevem o comportamento dos corpos em movimento. Descrevem a relação entre forças agindo sobre um corpo e seu movimento causado pelas forças.

1ª Lei - Princípio da Inércia:

“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele.”

2ª Lei - Princípio Fundamental da Dinâmica:

“A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é produzida na direção de linha reta na qual aquela força é imprimida”

 

3ª Lei - o Principio da Ação e Reação:

“A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intencidade: ou as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em direções opostas.”

Newton deduziu:

Onde G é uma constante de proporcionalidade. Tanto o Sol quanto o planeta que se move em torno dele experimentam a mesma força, mas o Sol é aproximadamente mil vezes maior que a massa de todos os planetas somados.

Newton concluiu que para que a atração universal seja correta, deve existir uma força atrativa entre pares de objetos em qualquer região do universo, e esta força deve ser proporcional a suas massas e inversamente proporcional ao quadrado de suas distancias.

Newton usando as três leis, combinadas com a lei da gravitação universal, demonstrou as Leis de Kepler, que descreviam o movimento planetário. Essa demonstração foi a maior evidência a favor de sua teoria sobre a gravitação universal.

De 1687 a 1690 foi membro do Parlamento Britânico, representando a Universidade de Cambridge.

Em 1696 foi nomeado Warden of the Mint e Master of the Mint em 1701, cargos burocráticos da casa da moeda britânica.

Foi eleito sócio estrangeiro da Académie des Sciences (Academia Francesa de Ciencias) em 1699.

Tormou-se Presidente da Royal Society em 1703.

Em 1704 publicou sua obra mais importante sobre a ótica, chamada Opticks, onde expõe suas teorias sobre a natureza corpuscular da luz e um estudo detalhado sobre refração, reflexão e disperção da luz.

Publicou em 1707 o trabalho Arithmetica Universalis, um livro-texto sobre identidades matemáticas, análise e geometria.

Newton sempre teve uma estreita relação com a Igreja. Seu padastro Barnabas Smith era pastor e bacharelado em Oxford. Tinha a sua disposição uma extensa biblioteca de teologia, filosofia, estudos de linguas e todo tipo de literatura clássica e bíblica. Com a grande fama adquirida como cientista, interessou-se pela política e não se ordenaou  clérigo. Fiél a sua crença no Universo, comportou-se como um bom cristão anglicano, no entanto não estava satisfeito com as interpretações cristãs da Bíblia, como  exemplo, rejeitou a filosofia da Santíssima Trindade.

Teve seu primeiro contato com a alquimia atravez de Isaac Barrow e Henry More, intelectuais de Cambridge. Em 1693 escreveu Praxis (Prática), um trabalho que sugere uma filosofia que via na natureza algo diferente do que admitiam as filosofias mecanicistas ortodoxas.

Na época a alquimia era totalmente proibida, Newton manteve seus trabalhos ocultos, assim como seus pontos de vista com relação à Igreja, quase chegando ao ponto da obcessão.

Newton dedicou muitos esforços à alquimia realizando muitos experimentos com mercurio, acredita-se que esta pode ter sido uma das causas de sua morte assim como seu comportamento quando adulto.

Em seus ultimos dias, passou por diversos problemas renais que culminaram com sua morte em 20 de março de 1727. Foi enterrado junto com outros célebres homens da Inglaterra na Abadia de Westminster.

 

Seu epitáfio foi escrito pelo poeta Alexandre Pope:

A natureza e as leis da natureza estavam imersas em trevas; Deus disse “Haja Newton” e tudo se iluminou.